Neste
início de semana pascoal, a nossa cidade recebeu a visita do maior e mais belo
dos kayaks: o Navio Escola Sagres.
No Domingo pela manhã, enquanto surfávamos
entusiasmados no quinto molhe,
observámos esta escuna a fazer deslizar suavemente as suas mil e novecentas
toneladas barra dentro. Foram gorados os planos acompanhar a chegada do Sagres
em kayak de mar, desde logo pelo desconhecimento da hora certa de chegada, mas
principalmente pelo apelo da surfada. De facto, este fim de semana foi pródigo:
a lisura do Atlantico que banha a nossa costa não se verificou na praia do
quinto molhe.
Não
se acompanhou por mar, mas visitou-se por terra. O Sagres recebe visitas
particularmente apreciadas pela canalha. Realiza-se um percurso circular no
convés, muito interessante, em que se observam “indícios” do que deverá ser a
vida abordo. Duas passagens muito curiosas: uma pela cozinha, em que o
aroma (hummm!!) fez jus à boa reputação da gastronomia a bordo; outra, pela
sala de pilotagem (dir-se-á mesmo assim??) repleta de aparelhómetros, ecrãns,
computadores velhos e muita quinquilharia de apoio à navegação. No exterior: o
“acelarador”, o “volante” - devidamente trancados, não vá algum visitante mais
traquina querer levar o Sagres a dar uma voltinha....! Tudo impecavelmente
limpinho, arrumado, madeiras com o lustro bem puxadinho e metais super polidos
e reluzentes! E sim, é mesmo verdade: tem três mastros gigantes, montes de
velas - impecavelmente enroladas. Este edifício é tão grande e pesado que é
incrivel que consiga flutuar!
No mar, houve actividade como há muito não se via. O Atlântico tem andado meio enjoado e neste fim de semana acalmou - até demais. Assim, fomos encontrar na praia do quinto molhe uns spots que foram ganhando forma com a maré - e com a vontade!; sim, o Atlantico recebeu transmissão de pensamento e acedeu!! Fomos uma meia duzia de criaturas nauticas montados nos seus kayaks. No sábado foi uma verdadeira kayaksurf session. Deu para experimentar a sela de Sharks, Sharks II (é mesmo levezinho e anda que se farta!!!) e Maoris (pesadote, que a idade não perdoa, mas manhoso como o raio!). Deu para experimentar o selim de diversas vagas, com extensões, madeixas, permanentes, rastas, etc. Ao fim de cerca de três horas, capitulámos e regressámos ao Continente - extasiados.
No Domingo, os astros quiseram que tivéssemos mais três horas de violência gratuita e puro prazer em àgua salgada. Que mais dizer? Quando o mar mexe queremos é estar lá - no epicentro. O resto é conversa. O tempo durou o que tinha para durar. As forças afogaram-se e a fome apertou. Fomos obrigados a regressar ao mundo real para recolher alimentos - e a vida continua.
Nota final: os tontos, como eu, que ainda pensam que o Sagres é feito de madeira - desiludam-se. É mesmo ferro.... “tecla 3!!”, diz a canalha.