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quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

TRAVESSIA DE INVERNO KFP - EM CASTELO DE BODE

Uma das vantagens de se viajar no banco do passageiro é poder observar os pormenores do caminho que se percorre e, ainda assim, não ter noção de onde se está. Presta-se atenção apenas ao que interessa; sinalética rodoviária excluida.

Chegámos de véspera, no fim de um dia de trabalho. A pernoita em Tomar foi retemperante: afinal, tinhamos que ganhar fôlego para a Travessia na Barragem de Castelo de Bode! Na manhã seguinte, arrancámos com destino a um local que não sei identificar, á beirinha da água. Ritual del habitual: grandes cumprimentos aos comensais e toca a equipar.

A névoa já tinha descolado do nível zero. Via-se o espelho de água e nele o reflexo de tudo o que nos rodeava. A água é límpida, cristalina, transparente e sei lá mais que adjectivos que qualifiquem aquele líquido através do qual se vê o outro lado.










Entrámos. Rumámos para Norte. O água encontra-se na sua cota mais elevada. Depois de alguns anos de precipitação invernal moderada, e, em particular, de no último Inverno se ter verificado uma nada ortodoxa seca extrema, eis que se verifica uma reposição aquosa. Melhor para nós: mais verde á beira do nível zero! Os kayaks deslizaram silenciosa e  suavemente, em grupo, alinhados lado a lado, como que à conquista de territórios desconhecidos.

Não seriamos propriamente pioneiros, à excepção de dois jovens que se estrearam com uns palitos laminados nas extremidades. A pagaia gronelandesa encaixa-se na perfeição no slogan do Pessoa para a coca-cola: primeiro estranha-se, depois entranha-se. Os primeiros manuseios da gronalandesa são contra natura: inclinação para a remada baixa, angulo dos cotovelos demasiado fechado, maior rotação do torso, pás sem ângulo. Mas o problema surge quando o movimento braçal se adequa. Largar a gronelandesa e voltar à vida real é como vomitar um pitéu que nos soube mesmo bem!

Concentrados com a conversa, experimentações e observações, nem damos conta da aproximação da ilha do lombo. Nesta, pontifica uma edificação que foi, em tempo, uma estalagem, ex-líbris do local. Abandonada, terá sido recentemente ocupada por uma família que está a realizar alguma beneficiação. Em algumas ilhas, bem como nas margens, encontramos construções em bom estado, com pequeno embarcadouro e jardins bem cuidados. Aquando da construção da barragem, as parcelas localizadas acima da cota não terão sido objecto de expropriação, pelo que os donos terão tido a opção de manter o direito á propriedade.

A ilha do lombo é o local eleito para o almoço. Entretanto, o sol desponta, a luz muda e a paisagem acende. Nesta tarde, a primavera visitou-nos. O sol amoleceu os aventureiros. A viagem, entretanto, é retomada para mais explorações de recantos e a hora do regresso chega.

O regresso é rápido, nem se dá por ele sob a animada conversa.

Atracamos e já nos entusiasmamos com a ideia do jantar. 

No parque de campismo da Federação, esperam-nos banhos quentes e roupas secas. Damos inicio á confecção da janta devidamente escoltados por aperitivos, chouriço assado, queijo de primeira, bom tinto e uns lagostins que apareceram misteriosamente na grelha. Fiquemos por aqui na descrição do banquete...




Depois de um sono muito retemperador, o Domingo acordou com muita humidade. Na véspera, não era ainda certo o nosso regresso para o segundo dia. Mas o entusiasmo saiu reforçado no jantar-convívio da véspera!


O encontro seria na Aldeia do Mato, onde encontramos uma praia fluvial super infraestruturada e lindíssima. E com uma série de pontos de interesse, como viríamos a confirmar. A entrada na água deu-se numa rampa lamacenta e onde se podia observar bem quão elevado estava o nível da represa. A água estava um autêntico espelho e ora fumegava ora recebia pingos dos aguaceiros. Deslizámos por um braço onde, dizem-nos, se realizam treinos e provas de natação em àguas abertas (é assim que se diz?). Encontramos, depois, o grupo de que faremos parte neste dia: o pessoal de Tomar e da Nabância.



O dia decorre muito agradável, pela companhia e por todos os recantos que vamos explorando. O almoço foi empurrado para um abrigo pois a chuva estava a impor-se.





Já com chuva forte, e com uma meteorologia a tornar-se ameaçadora, percorremos alguns quilómetros nos lindíssimos recantos da represa.


É curioso como chega a ser quase agradável pagaiar sob chuva torrencial; na verdade, estar dentro de àgua não nos permite estranhar a chuvada... mas não há nada como um solinho e calor!! 

O desembarque e o desequipar deu-se com chuva grossa e vento fortíssimo. Paradoxalmente, na viagem de regresso à Figueira da Foz já se vislumbraram alguns raios de sol antes de a noite cair.

Até à próxima!!

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